Richard Baxter.
(Extraído do excelente livro O Pastor Aprovado - Editora PES, págs. 28 e 29)
“Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para a glória do teu povo de Israel” (Lc 1.29-32).
Uma vez condenados à morte, [...] se tornavam objetos de diversão. Alguns, costurados em peles de animais, expiravam despedaçados por cachorros. Outros morriam crucificados. Outros ainda eram transformados em tochas vivas para iluminar a noite[3].Nos séculos subseqüentes muitos outros ainda seriam queimados vivos nas fogueiras do Império Romano. A Reforma também gerou seus mártires. John Bradfrod, Nicholas Ridley, Thomas Cranmer e Hugh Latimer estão entre eles. É dito que enquanto Nicholas Ridley ardia na fogueira da Inquisição, Latimer o encorajava dizendo: “Fique confortado, Meste Ridley, e jogue o homem; nós veremos este dia lançar uma luz tal sobre a Inglaterra, pela graça de Deus, como nunca ocorrera antes”[4]. O que todos eles tinham em comum era a plena convicção de que estavam sendo levados como ovelhas para o matadouro; todos sabiam que aqueles eram os seus “últimos dias”; todos se viam diante da temível e terrível morte.
Confesso ter vivido e confesso que morrerei nessa fé que Ele me deu, porquanto não possuo outra esperança ou refúgio além de sua predestinação sobre a qual toda minha salvação está baseada. Recebo a graça que Ele me ofereceu em nosso Senhor Jesus Cristo e aceito os méritos do seu sofrimento e morte, por meio dos quais todos os meus pecados estão enterrados[6].O grande reformador confirma o pensamento de Paulo, de que “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19). É preciso acreditar que o melhor, e não o pior, espera aqueles que creem irrestritamente nas promessas de Deus.
Por José Roberto de Souza(*)
Poderia, na condição de teólogo e pastor protestante, aproveitar a situação para expor o que penso e creio sobre a morte, mas não farei isso. Desejo refletir sobre a dor de quem fica e algumas lições que disso podemos aprender.
Percebo que por mais que a morte esteja a um “palmo” de distância dos nossos olhos, ou seja, mesmo que venhamos a testemunhar cotidianamente a presença da morte, seja através da partida de um ente querido, de um amigo, ou até mesmo de um desconhecido, uma coisa é certa: Não nos acostumamos com a morte. Ela é, e sempre será, uma estranha. Eleny Vassão no seu livro: Aconselhando Pacientes Terminais, diz algo interessante sobre a morte: “A simples menção dessa palavra tão deprimente e pesada faz com que desapareça o sorriso dos rostos das pessoas, transformando qualquer conversa descontraída em tétrico e constrangedor encontro. Mas, ainda que queiramos ignorar a morte, ela não deixa de existir. Ela é real e inevitável, pois faz parte da vida.” (VASSÃO: 1996, p. 9).
Recentemente o mundo acompanhou, através dos noticiários, a queda do AF 447, ceifando de uma só vez, a vida de 228 pessoas. Entre as pessoas que partiram, estavam: crianças, pais e filhos, recém-casados, e tantas outras. Havia algo em comum na vida dessas pessoas: Elas pretendiam ou planejavam. Eis alguns relatos de uma revista semanal: “Organizava um congresso médico, preparava-se para o maior passo de sua carreira (...); Começaria a cursar na Itália uma especialização em direito tributário (...); Contava os dias para, no fim do ano, mudar de vida e passar mais tempo com a mulher e as duas filhas (...); Comentou com os amigos que voltaria para as festas de fim de ano (...); Cursava doutorado na França, veio ao Brasil para um congresso e aproveitar a viagem para oficializar seu noivado com a namorada (...); Estava entusiasmado com sua primeira viagem à Europa. Em Portugal, iria encontrar tios e um primo. Mas, no domingo, todos esses sonhos, de matizes tão diversos, de pessoas tão diferentes, se desmancharam no ar, afundaram no mar, caíram por terra.” (VEJA: 10.06.09, pp.86-90).
Esse triste episódio, me fez relembrar as palavras do rei Davi: “Com efeito, passa o homem como uma sombra; amontoa tesouros e não sabe quem os levará.” (Sl. 39:6). Na sua epístola, Tiago ratifica: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.” (Tg. 4:14). Lembro-me de um comercial de uma ótica, que passava nas décadas de 70 e 80, dizia: “(...) A gente pensa que só pode acontecer com os outros.” Independentemente do que cremos, não podemos negar: quando alguém que amamos morre, temos que conviver com a dor da saudade. Por isso, nunca esqueça: “o valor da vida não é medido pela quantidade de dias que vivemos ou pelos bens que possuímos, mas pelo que somos.” (VASSÃO: 1996, p. 6). O que você tem sido? Ainda há tempo para mudar!
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(*) O autor é Pastor da Igreja Presbiteriana do Ibura em Recife/PE. Professor e Coord. do Deptº de História da Igreja no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN); Especialista em Ensino de História das Artes e das Religiões pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) ; Mestrando em Teologia e História.
Fontes: 1) Extraído do Jornal "Jornal do Commércio" do dia 21 de junho de 2009, no Caderno Cidades; 2) Publicado, também, em http://www.eleitosdedeus.org/reflexao/tragedia-do-af-447-rev-jose-roberto-de-souza.html
[Mack] Percebeu que estava travado e que as orações e os hinos dos domingos não serviam mais, se é que já haviam servido [...] Mack estava farto de Deus e da religião, farto de todos os pequenos clubes sociais religiosos que não pareciam fazer nenhuma diferença expressiva nem provocar qualquer mudança real. Mack certamente desejava mais (pág. 54 – versão digital. Itálico meu).Parece que a intenção inicial do livro não é a de levar os leitores a uma nova perspectiva sobre a Trindade, e sim, que eles desacreditem da Igreja como sendo a “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e sigam atrás de outras alternativas de encontrar Deus. Em minha opinião, esse é o maior perigo que o livro oferece.
Papai não respondeu, apenas olhou para as mãos dos dois. O olhar de Mack seguiu o dela, e pela primeira vez ele notou as cicatrizes nos punhos da negra, como as que agora presumia que Jesus também tinha nos dele. Ela permitiu que ele tocasse com ternura as cicatrizes, marcas de furos fundos, e finalmente Mack ergueu os olhos para os dela (pág. 86. Itálico meu).Embora Jesus seja Deus, sabemos que não foi Deus, o Pai, quem morreu na cruz. Deus não tem as marcas dos pregos em seus punhos, como A Cabana quer que acreditemos. Foi o Seu Filho quem foi crucificado. No afã de ressaltar a unidade da Trindade, o Monarquianismo acabou resumindo tudo a uma só pessoa. Em mais uma declaração claramente sabeliana[3], “Papai” diz a Mack que “quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos” (pág. 85). Mas não é esse o ensino bíblico. A Palavra de Deus é bastante clara quando se refere ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como sendo Pessoas distintas que possuem uma mesma essência (ver Mt 28.29; 2 Co 13.13; 1 Jo 5.7; 2 Jo 3). E o pior de tudo é que, para confundir ainda mais o leitor, “Papai” desdiz tudo o que houvera dito antes, dizendo que
Não somos três deuses e não estamos falando de um deus com três atitudes, como um homem que é marido, pai e trabalhador. Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma das três é total e inteiramente o um (pág. 87).Seria algo equivalente à “Metamorfose Ambulante” proposta por Raul Seixas (“eu vou lhes dizer agora o oposto do que eu disse antes”)? Será que dá pra confiar no “Deus” proposto por William P. Young?
— Mas... e todos os milagres? As curas? Ressuscitar os mortos? Isso não prova que Jesus era Deus... você sabe, mais do que humano?Ora, o que temos aqui não é o velho Ebionismo, que pregava que Jesus tornou-se Messias pelo Espírito Santo? Ou, ainda, o Arianismo, que dizia que Jesus era um simples homem elevado a uma categoria superior à dos demais seres humanos? O autor faz um divórcio entre a Humanidade e a Divindade de Jesus quando diz que “Jesus, como ser humano, não tinha poder para curar ninguém”, quando, na realidade, as duas naturezas de Cristo são inseparáveis. Nas palavras de John Stott, “Jesus não é Deus disfarçado de homem e nem um homem disfarçado de Deus”. Ele é Deus-Homem, como bem foi definido em Calcedônia no ano de 451 d.C. E para dar mais ênfase ainda na humanidade de Cristo, a personagem Jesus “deixara cair uma grande tigela com algum tipo de massa ou molho no chão, e a coisa tinha se espalhado por toda parte” (pág. 95), o que rendeu boas gargalhadas a Mack e Papai. Era só o que faltava: um Jesus todo atrapalhado!
— Não, isso prova que Jesus é realmente humano.
[Papai continua...]
— Fez isso como um ser humano dependente e limitado que confia na minha vida e no meu poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não tinha poder para curar ninguém (pág. 90).
Esta é a beleza que você vê no meu relacionamento com Abba e Sarayu. Nós somos de fato submetidos uns aos outros, sempre fomos e sempre seremos. Papai é tão submetida a mim quanto eu a ela, ou Sarayu a mim, ou Papai a ela (pág. 129 – versão digital).Sarayu, que personifica o Espírito Santo, diz que a hierarquia não faria sentido entre a Trindade (pág. 112). Como é que fica, então, frases como “Seja feita a vossa vontade”? Não havia uma submissão do Filho ao Pai? Jesus disse que desceu do céu para "fazer a vontade do Pai"(Jo 6.38). A Cabana não se coaduna com a Bíblia aqui.
Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa (pág. 168).Realmente, para um Deus que disse que “a morte dele [de Cristo] e sua ressurreição foram a razão pela qual eu agora estou totalmente reconciliado com o mundo” (pág. 180 – itálico meu) isso não é problema. Universalismo? Imagina! “Não preciso castigar as pessoas pelos pecados” (pág. 109). “Em Jesus eu perdoei todos os humanos por seus pecados contra mim, mas só alguns escolheram relacionar-se comigo”, disse Papai (pág. 209). Que estranho, não? Todo mundo perdoado e alguns que se relacionam? Bom, se é ele quem está falando, quem sou eu para questionar? No meio de toda essa confusão Mack parecia mesmo estar totalmente perdido. Foi “barrado” inclusive de ter seu momento devocional, quando foi perguntar pelas orações, ouvindo da boca de Papai: “nada é um ritual” (pág. 194). Coitadinho do Mack! Não tinha razão em nada! Mesmo quando pensou em Jesus como referencial de vida, um exemplo a ser seguido, ouviu da boca do próprio: “minha vida não se destinava a tornar-se um exemplo a copiar” (pág. 136). E agora, José, ou melhor, Mack? Caía por terra diante de seus olhos toda a instrução apostólica para que sejamos “imitadores de Deus” (Ef 5.1; 1Pe 1.16). Honestamente, quem quiser que confie sua vida a esse “Jesus” de A Cabana. Eu prefiro continuar com o Jesus revelado nas Escrituras.